terça-feira, 23 de março de 2010

A Educação Brasileira

É com bastante pesar que venho a fazer essa postagem, mas ainda assim ela se faz necessária, mesmo que meu blog não seja nem de longe o melhor meio de comunicação para divulgar o que pensa um professor em todos os aspectos, menos no título (ao menos por enquanto). Foi possível acompanhar em comunidades via orkut a fundo o quanto a categoria do professor está dividida, e o quanto cada um de nós pode cair dependendo de suas circunstâncias e escolhas em determinados momentos.
Semana passada houve um fatídico caso numa escola municipal da Ilha do Governador em que um professor muito malvado jogou um apagador numa aluna, ou foi assim que a mídia fez questão de divulgar. A postura do professor foi totalmente errada, mas exonerar um profissional, que poderia muito bem ser um chefe de família é a solução? Qual é a causa do nosso problema?
Os nossos jovens atualmente são muito beneficiados com os direitos adquiridos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm (veja o link ao lado para ler o estatuto da criança), que prevê a eles toda uma série de direitos, mas que infelizmente assume que toda a criança é pura e inocente, mas devido a incidentes que têm ocorrido nos últimos anos, a coisa toda não é bem assim.
O caso do menino João Hélio, em que um garoto de 8 anos foi arrastado por um carro, preso a um cinto de segurança, por aproximadamente 7 bairros. Um dos bárbaros que fizeram essa atrocidade com uma criança cujo erro era estar no carro com a mãe e não ter conseguido se solta do cinto era menor, veja o caso nesse link: http://odia.terra.com.br/rio/htm/entenda_o_caso_joao_helio_149430.asp Porque os dois maiores de idade pegaram uma pena de mais de 40 anos e o menor que estava junto que parecia saber muito bem o que estava fazendo recebeu uma punição socio-educativa?
Esse é um exemplo gritante da maneira como uma ferramenta que foi criada para proteger uma vítima de abusos aos quais uma criança poderia ser facilmente submetida, mais de uma vez ouvi que meu pai começou a trabalhar aos 7 anos para ajudar em casa depois que minha avó deixou meu avô devido à violência doméstica, para se tornar um instrumento de opressão, já que ao que parece, o menor agora ficou acima da lei que vale para todos, ou ao menos deveria valer e garantir direitos iguais a todos os cidadãos.
A rede pública de ensino, ao menos a que tem o dever de garantir o acesso a todos os jovens conforme o direito que lhes é garantido em lei, vai de mau a pior, por vários motivos: salários indignos, péssimas condições de trabalho, em que muitos jovens se valem da imunidade a punições em virtude do ECA, porque não podem ser expostos a situações vexatórias e tals, porque vivem sob as metas de que têm de aprovar um número mínimo de alunos, para assim garantir uma comissão no final do ano (quando foi que passamos a vender aprovações?) para atender às exigências do Banco Mundial, pois em sua proposta para a educação eles querem que países em desenvolvimento formem cada vez mais mão de obra qualificada para que assim haja mão de obra qualificada disponível no mercado. Só que nem isso estamos conseguindo porque os alunos estão sendo empurrados adiante, preparados ou não, para podermos bater essas metas e receber os investimentos do BM.
Na rede particular a situação é quase tão ruim quanto, porque muitas vezes possui muitos alunos inadimplentes (isso, dão calote no estabelecimento) e como toda criança tem direito à educação e não pode ser exposta à situação vexatória então o aluno continua a assistir às aulas, e ainda pode pedir a documentação para continuar seus estudos em outra escola, mesmo sem ter pago sequer uma única mensalidade. E se não entra dinheiro na escola, quem sofre com isso? Os profissionais da educação, que não recebem salário, ou o recebem com grandes atrasos e quando indagamos sobre isso, alguns diretores têm a cara de pau de dizer que tiveram que pagar ao porteiro, à funcionária da secretaria e ao zelador, porque diferente do professor, eles só têm aquele empego, já o professor trabalha num monte de lugares.
No link http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022005000200003&script=sci_arttext&tlng=pt é possível ler um estudo que foi feito pelas doenças ocupacionais adquiridas por profissionais da educação, assim como dizem a carência desses mesmos profissionais em cada segmento da rede de educação, só de física são necessários mais de 23000 professores para o ensino médio, e de todos os profissionais da educação sob licença médica entre 2001 e 2002, os professores são 84% de toda essa quantidade alarmante.
Quando criei esse blog a proposta dele era contar um pouco sobre livros, mesas de RPG, filmes em geral. O cripta vem como uma homenagem ao programa de televisão A Cripta do Terror, e o professor é por causa do apelido que tenho entre os amigos de longuíssima data. Mas esse post é o primeiro que realmente fez juz ao nome do Blog.

2 comentários:

Carolinne disse...

Saiu uma vez uma reportagem no fantastico eu acho sobre essas doencas q afastam os professores. mt lamentavel q a juventude hj em dia esteja nesse estado.

Unknown disse...

Sim, nunca vou esquecer o episódio da professora Maria de Fátima, ela me deu aula no ano anterior, que ficou sem a mão e ficou por isso mesmo. Acho que não encontraram o autor. Lembro até que tinha bomba tb no carro dela, mas o guarda do estacionamento tinha encontrado.

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